PONTOS: uma recombinação textual intermedial e transpoética

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Description (in English): 

“PONTOS” is an (im)possible attempt of approach between margins by means of intersecting visions. It is a process of alterity between two symmetrically opposed perspectives ((two poems written by two persons on each bank of the river Tagus), in a gradual endeavor of (self)reflection (a permutational poem aided by computer software) which will result in a continuous transmutation by an audience (a combinatorial text open to mutation by means of tactility). On one side, margin A, always more beautiful if seen from margin B; on the other side, margin B, offering a privileged space for the contemplation of its antipode, albeit its paradoxical non-existence. “What is the vision of the person that I can't see but that I know it is on the other side?” “With whose eyes would I describe my margin, from a side that I sense being impossible to reach for myself?” By trying to build a bridge, no more than a connection between points, “PONTOS” represents the experiment of being another, by means of words, always playing with the (im)possibility of fulfilling it.

Description (in Portuguese): 

"PONTOS” parte de uma tentativa (im)possível de aproximação entre margens por meio de visões que se entrecruzam. Um processo de alteridade entre perspectivas simetricamente opostas, numa tentativa gradual de (auto)reflexão, que dará lugar a uma transmutação contínua por parte de um público. De um lado, uma margem A, sempre mais bela vista de uma margem B; de outro lado, uma margem B, local privilegiado para contemplação do seu antípoda. Numa tentativa de construção de pontes, que não é mais do que uma ligação entre pontos, procura-se por meio da palavra ser-se um outro, na (im)possibilidade de sê-lo por completo.

"Que visão tem neste momento a pessoa que não vejo, mas que sei estar do outro lado?"

"Com que olhos descreveria eu a minha margem, de um lado que sinto não ser possível alcançar?"

Se partirmos da ideia de que uma linha recta, no limite, apresenta-se com características idênticas às de uma linha circular, aproximação e afastamento acabam por revelar um paradoxo. Como num círculo, nos movimentos de forças contrastantes apresentadas pelo movimento circular, também o caminho numa ponte é feito de oposições similares: ponto A desce quando ponto B sobe, ponto B desce enquanto ponto A sobe. Neste sentido, também duas margens podem constituir-se enquanto relação indissociável entre dois pontos de um mesmo percurso.

Com o propósito central de pensar as noções de aproximação e de afastamento a partir de uma ideia de circularidade (aberta), "PONTOS" apresenta como base de criação um processo de escrita colaborativa intermedial composto por diferentes fases de concretização.

1. Processo de Alteridade

Numa primeira fase, duas pessoas colocam-se em margens simetricamente opostas, durante o mesmo período de tempo, para elaboração de um texto que desenhe a perspectiva de um “outro que me vê” (sujeito A pensa margem A, assumindo perspectiva de sujeito B posicionado em margem B; sujeito B pensa margem B, assumindo perspectiva de sujeito A posicionado em margem A).

2. Processo Combinatório

Numa segunda fase, os quatro textos unidos pelo tempo e separados pelo espaço, e resultantes do anterior processo de alteridade, são sujeitos a uma combinação sintáctica com recurso a software computacional.

3. Processo Recombinatório e Interactivo

Por fim, numa terceira fase, o leitor é convidado a entrar num jogo de recombinação textual, num processo contínuo de construção/destruição de pontes entre margens.

Numa concretização do texto poético enquanto tentativa constante de criação de pontes entre palavras, e numa partilha intermedial de processos que, apesar de distintos, se ligam entre si, "PONTOS" é, em suma, este caminho que tem de ser feito para que se crie uma imagem possível de aproximação, ainda que esse caminho signifique deixar para trás uma das margens.

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Diogo Marques